O Haiti viveu, em 2021, uma sequência de eventos que a maioria dos países não passa em décadas. Uma grave crise financeira, política e de segurança, somada à pandemia de Covid-19, ao assassinato do presidente dentro da residência presidencial, um forte terremoto que deixou centenas de vítimas, a explosão de um caminhão-tanque. Relembre o conturbado 2021 do país mais pobre das Américas:
Em fevereiro, milhares de haitianos foram às ruas para protestar contra o presidente Jovenel Moise, que alegava que seu mandato terminaria apenas em 2022, enquanto o Judiciário e o Parlamento insistiam que acabaria em fevereiro deste ano e exigiam a realização de eleições
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Meses depois, em 7 de julho, Jovenel Moise foi assassinado dentro de sua residência oficial. Homens armados entraram no local e fuzilaram o político e balearam sua esposa, Martine, que foi levada a Miami (EUA), onde recebeu tratamento médico e sobreviveu. O presidente tinha 55 anos
Nos dias seguintes ao crime, a polícia haitiana caçou diversos suspeitos, especialmente um grupo de 21 ex-militares colombianos que trabalhavam no país como mercenários. Três deles foram mortos em confronto e 18 foram presos. Ao menos outros 6 haitianos e descendentes também foram presos por suspeitas de ligação com o assassinato, mas o julgamento ainda não foi marcado
Pouco mais de um mês após o assassinato do presidente, o Haiti foi sacudido por um forte terremoto de 7.2 graus na escala Richter. Apesar de não tão grave quanto o tremor de 2010 que matou mais de 200 mil haitianos, o de 2021 deixou ao menos 2.240 vítimas fatais, mais de 12 mil feridos e cerca de 300 desaparecidos
Pequenas cidades do interior e do norte do país foram fortemente atingidas e tiveram problemas para receber auxílio, uma vez que o tremor destruiu as poucas estradas que dão acesso à região
Cerca de 700 mil pessoas foram direta ou indiretamente afetadas pelo terremoto, segundo o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, que declarou estado de emergência
Além de todos os problemas, o Haiti também vive uma grave crise de segurança, com grupos armados enfrentando a polícia, o exército e brigando entre si pelo controle dos territórios do país. Ao longo do ano, diversos sequestros em massa foram registrados no país
Em outubro, entidades convocaram uma greve geral para protestar contra as más condições econômicas e de segurança, após o sequestro de um grupo de 17 estrangeiros, 16 norte-americanos e um canadense, de um grupo que prestava ajuda à população carente. Ruas ficaram vazias ou bloqueadas por barricadas
Em 14 de dezembro, um caminhão-tanque se acidentou, depois pegou fogo e explodiu enquanto dezenas de pessoas tentavam saquear combustível. Ao menos 71 morreram na explosão ou por conta de queimaduras nos dias seguintes e outras dezenas ficaram feridas
Enquanto isso, o país segue exposto à pandemia de Covid-19. Na época do assassinato de Moise, o Haiti ainda não havia recebido nenhuma dose de vacina contra o coronavírus. No último dado disponível, de 17 de dezembro, apenas 1,06% tinha recebido ao menos uma dose de imunizante, e 0,62% estavam com o ciclo vacinal completo
No total, foram registrados pouco menos de 26 mil casos e 765 mortes por Covid-19 no Haiti, mas o medo é de uma imensa subnotificação por conta da fragilidade do sistema de saúde
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2021-12-29 05:00:14