O processo de emagrecimento não é fácil e muito menos rápido. A máxima ‘coma menos e faça exercícios físicos, que resolve’ é a teoria mais comum de se ouvir. Porém, na prática, essa combinação não é tão simples assim.
O R7 ouviu especialistas que explicam os motivos que levam a pessoa ao emagrecimento e melhora na condição de saúde
A nutricionista esportiva Sueli Longo, integrante da SBAN (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição), explica que a compreensão sobre o emagrecimento, muitas vezes, não é a mais correta.
“As pessoas não falam em gastar mais energia, as pessoas
falam em comer menos. Não é isso. É importante que a pessoa tenha uma quantidade de
energia para manter o corpo funcionando adequadamente e ela tem de promover um
gasto de energia pelo exercício físico, de forma a estabelecer essa diferença.”
É importante lembrar que a alimentação correta não é a mesma coisa que restringir uma grande quantidade de alimentos, sem recomendação profissional.
“As dietas muito restritivas, como por exemplo a low carb (pouco carboidrato), podem servir
como estratégias, com data de início e de fim assim não compromete o
metabolismo. Quem faz essas dietas sem orientação pode desenvolver problemas que mexem com o metabolismo. A pessoa não come quase
nada, mas não vai emagrecer. Aumenta a frustração”, diz a nutricionista Silene Martinez
Quando a pessoa segue uma alimentação que dá a energia suficiente para que ela mantenha as atividades do dia-a-dia, faz atividades física e mas não emagrece, alguns pontos devem ser levados em consideração.
“Só o peso da balança é parâmetro muito ruim. Por exemplo uma pessoa que pesa 70 quilos, com 25%
de gordura e 50% para os outros tecidos que não são gordura. Passado um tempo,
com exercícios e alimentação correta, ela mantém os 70 quilos, mas com 10% de
gordura corporal e 60% de outros tecidos. Isso significa que a pessoa tem uma
condição de saúde muito melhor. É importante olhar a composição
do peso corporal, para verificar se os compartimentos desse peso estão sendo
modificados com perda de gordura e ganho de massa muscular”, orienta Sueli
Outro fator que pode ajudar na demora em perder peso é o “efeito sanfona”, aquele que a pessoa emagrece e engorda frequentemente.
“Quantas
vezes a pessoa perdeu e ganhou peso em modelos alimentares que ela pode ter
seguido, principalmente se foram modelos muito restritivos. Então quando ela
retoma o processo em um novo tratamento, é como se o corpo tivesse marcadores,
vamos dizer assim, ele põe dificuldade para obter novos resultados”, afirma Sueli Longo
Para evitar as idas e vindas dos números da balança e manter a saúde, a ideia é que empenho seja em mudar o estilo de vida.
“Modificar estilo de vida é para o resto da vida. A pessoas
acham: mudo nos próximos seis meses, resolvo o problema e depois estou liberado.
Mas não é nada disso. A pessoa vai ter de incorporar um estilo saudável de
viver, fazendo escolhas alimentares saudáveis, estar engajado em um processo de
atividade física diária”, alerta Sueli
O engajamento nesse processo de mudança também é apontado como uma das causas que dificultam a chegada no corpo desejado.
“A pessoa não faz as atividades na velocidade que ele gostaria. Temos que
pensar algumas coisas importantes, como qual é a porcentagem de adesão ao
processo de emagrecimento. Por exemplo, a
pessoa faz corretamente de segunda a sexta, mas nos finais de semana não adota
o mesmo tipo de reeducação alimentar. Fica
sempre patinando no mesmo lugar. O processo da reeducação alimentar é de hoje para o futuro”, ensina a nutricionista esportiva
Silene Martinez concorda e acrescenta: “Os abusos de finais de semana acabam compensando o esforço dos dias de semana. No final das contas não dá um déficit.
No processo de emagrecimento não pode haver
compensação, se não atrapalha toda a dieta. O processo é diário, é possível
fazer substituições, mas de alimentos equivalentes”
Em alguns casos, a nutricionista não indica nem algumas refeições mais livres, para que a pessoa mantenha o foco e o equilíbrio. “Até o que as pessoas pensam no dia livre, para comer o que
quiser. Para muitas pessoas não funciona, por exemplo para os pacientes
ansiosos ou sofrem compulsão, não vai tem como porque a pessoa acaba comendo
muito e nem percebe”, afirma Silene
Entre as muitas teorias sobre o emagrecimento associado às atividades físicas, sempre aparece a dúvida: é melhor comer antes ou depois de fazer o exercício? A realidade é que não existe uma orientação fixa, a rotina varia de acordo com o corpo de cada pessoa.
“O planejamento alimentar tem de ser
contextualizado dentro da rotina de cada um de forma que quando a pessoa for
praticar atividade física ela tenha um estoque de energia suficiente para que o
organismo não precise usar a energia da massa muscular para praticar atividade,
porque isso fica contraproducente. Não é todo mundo que precisa comer alguma
coisa para treinar”, ressalta Sueli
Ela alerta ainda: “O pós-treino de hoje é o pré-treino de amanhã. A dieta tem que ser pensada nas 24 horas do dia, sob ponto de vista da oferta de nutrientes que são importantes para fazer o exercício físico. Não dá para supervalorizar o antes e depois da atividade. As 24 horas são importantes”
A falta de sono e de uma noite bem dormida também atrapalham o processo de emagrecimento. É importante dormir bem.
“A
pessoa estressada e sem sono aumenta o cortisol. Atualmente, as pessoas vivem cada vez mais agitadas e com muitos momentos de estresse o que causa o
aumento do cortisol constante e gera um aumento da insulina, que é um hormônio anabólico,
para engordar, e a pessoas acabem desenvolvendo uma resistência à insulina e
diabetes”, explica Silene
Para controle do cortisol e auxiliar o sono a nutricionista recomenda a estratégia de meditações e o mindfulness, que uma prática de se concentrar apenas no presente, sem ficar o tempo todo pensando no passado ou ansioso com o futuro. “A meditação que ajuda muito a baixar os níveis de cortisol. Além do que a agitação que vivemos nos leva a não prestar atenção no que está fazendo e a levar a vida no automático. Existe também o mindfulness na alimentação. É importante comer
em um lugar tranquilo, sem celular, sem televisão. Preste a atenção na
mastigação, olha para a comida. Tudo isso interfere no emagrecimento, na
sensação de fome e saciedade”, salienta SIlene Martinez
O processo não deve rápido e a pessoa precisa entender é um processo que exige paciência.
“A perda de peso muito rápida não dá tempo para o seu corpo
se acostumar com o novo processo de modificar a composição corporal. O que é o
saudável? A perda de peso gradual, é reduzir a quantidade de gordura do
corpo, aumentando a massa muscular. Esse ganho de massa muscular faz com o
metabolismo volte ao padrão normal, o que ajuda a manter o
peso perdido. O processo é lento, mas lá na frente há a dificuldade de voltar
ao peso anterior, principalmente se houve a mudança no estilo de vida”, finaliza Sueli Longo
2022-03-10 05:00:12